Tempos de crise e de eleições
Temos vivido em nosso País um tempo de crise política, institucional e sobretudo ética sem precedentes. A crise, no entanto, é mais que nacional, é mundial. Basta vermos a radicalização das posições políticas e da violência, não só protagonizada pelos grupos radicais como o Exército Islâmico, como pela violência próxima do tráfico de drogas e do tráfico humano.
A cada dia, vemos novos desdobramentos e denúncias de corrupção em nossa Pátria, ao se desvelarem a fragilidade de nosso sistema político e das pessoas nele envolvidas. Sob tudo isto, está a realidade do pecado pessoal que se institucionaliza nas redes de corrupção como pecado social. Mas haverá remédio para a situação? Sem dúvida, quando temos a certeza de tempos de crise podem ser de conversão, de melhoramento e de esperança. Não podemos ser profetas da desgraça, mas semeadores de esperança. Nem todos os políticos são corruptos. Nem se pode apontar o dedo aos outros se não se demonstrar honestidade e respeito em nosso cotidiano.
É preciso que aproveitemos este tempo para refletir sobre o sistema eleitoral, sobre o modelo de presidencialismo adotado em nosso País e sobre os papéis dos poderes da república. Se esta discussão nos parece por demais técnica, não nos é distante uma outra, diante das próximas eleições municipais. Quem vamos eleger para o quadriênio em nossos municípios? Recordados das palavras de Jesus, temos uma orientação preciosa para nosso discernimento sobre os candidatos.
Sua fidelidade aos compromissos assumidos na família, na Igreja, nos negócios, na comunidade e no exercício de cargos públicos pois “quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito” (Lc 16,10).
Seu respeito às pessoas, tanto em caráter particular como na imprensa e nas redes sociais, pois “a boca fala daquilo que o coração está cheio” (Mt 12,34).
Sua capacidade administrativa e pessoal para o cargo que almeja no faz ainda recordar as parábolas de Jesus sobre aquele que deseja construir uma torre ou partir para a guerra (Lucas 14, 27ss) em que Senhor exorta-nos à prudência e autocrítica. Como poderá legislar quem não sabe ao menos compreender um texto legal? Como poderá bem administrar o bem público se não foi capaz de administrar o que é seu e não deu exemplo de honestidade e responsabilidade naquilo a que se dedicou anteriormente?
Cabe-nos a responsabilidade de escolher o melhor entre os que se apresentam como candidatos. E que Deus nos ilumine.