CAPELA DOS PASSOS É REABERTA À FÉ
Quem conhece Oliveira já vinha sentindo falta de um dos seus mais conhecidos templos religiosos. Em época de quaresma, certamente a ermida barroca, conhecida como Capela dos Passos, faria muita falta aos fiéis acostumados a fazer suas orações diante do Senhor dos Passos e da Virgem das Dores. Depois de pouco mais de um ano, enfim, a capela foi reaberta, após de um minuncioso processo de restauro. Nessa quarta-feira (04), o repique dos sinos anunciou a Celebração Eucarística que marcou a abertura ao público. Às 18h, com a presença festiva dos membros da Confraria das Dores, além dos fiéis da Paróquia Nossa Senhora de Oliveira, foi realizada a Missa, presidida pelo pároco, Pe. Onaldo Aristeu dos Santos Junior, e concelebrada pelo vigário, Pe. Roberto Carlos de Almeida.
A celebração contou com um olhar para as tradições. Obras sacras, pertecentes ao arquivo paroquial de música, foram executadas pelo grupo “Vocalis Barroco”, regido por Lívio Pereira. O coral “Prof. Múcio Lo-Buono” também fez sua participação, quando executou o “Stabat Mater”, de autoria de João da Matta. Os fiéis também conheceram novas vestes feitas para a imagem do Senhor dos Passos. Os bordados da túnica foram uma referência à outra vestimenta vinda da Europa e ofertada por Capitão Henrique. A execução da mesma foi uma parceria da Confraria das Dores e da Secretaria Municipal de Cultura de Oliveira.
O jovem Lucas Muniz Silva escreveu sobre o sentimento dos paroquianos com a reabertura da Capela dos Passos. “Cada vez que entramos na Capela dos Passos podemos ver tudo limpo, organizado e sempre bem arrumado para receber a todos que passam por lá. Podemos observar o zelo, o carinho, o cuidado e, ao nos depararmos com isso, é interessante perceber que, em seus 200 anos de existência, essa pequena igrejinha não está abandonada. “Cada adorno, cada peça, cada objeto contam a história de alguém, a história do nosso povo e, ao notarmos isso, podemos claramente enxergar a maior herança deixada por nossos antepassados: a fé”, declarou ele.
AS OBRAS: ESFORÇO E UNIÃO
A reforma da Capela dos Passos teve seu início em junho de 2019. O estado crítico do piso de madeira, que estava apodrecido em decorrência da entrada de água da chuva, foi o principal motivo para o fechamento da capela. Os recursos para as obras já vinham sendo arrecadados desde 2013, quando a Confraria Nossa Senhora das Dores iniciou campanha para angariar recursos.
Não só rifas, leilões, feiras de doces e salgados e doações diversas foram utilizadas. Pe. Guido Evangelista da Silva, que por tantos anos foi pároco da Paróquia Nossa Senhora de Oliveira, deixou parte de sua herança à comunidade. Graças a esse recurso, foi possível a compra das madeiras para o novo assoalho e o pagamento da mão de obra para o início dos trabalhos.
O projeto foi montado pela arquiteta Maria Isabel Leão, sob as orientações do então pároco, Pe. Diovany Roquim Amaral. Por se tratar de um patrimônio cultural e histórico, o projeto de restauro da Capela dos Passos foi enviado ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), que aprovou a obra no início de 2019.
A primeira etapa dos trabalhos contou com a retirada do antigo piso, a construção de um porão com sistema de ventilação para as novas tábuas instaladas, além do assentamento de novos barrotes e montagem do assoalho. As dificuldades começaram aí: antes do fim dessa etapa, o dinheiro reservado acabou. O tesoureiro da Confraria das Dores, Antônio Carlos Barcelos, intensificou a campanha junto aos devotos, que se envolveram ainda mais na reforma. A primeira parte foi concluída em novembro de 2019.
Já sob a coordenação do novo pároco e vigário, Pe. Onaldo e Pe. Roberto Carlos, foi decidida a continuidade da obra. Na nova etapa foram feitas adaptações de segurança exigidas pelo Corpo de Bombeiros, raspagem do novo piso, pintura interna e outros consertos e melhorias pontuais. A parte final da reforma, que teve dificuldades financeiras, também contou com apoio do poder público, através da Prefeitura e Câmara Municipal.
Texto: Vinícius Borges
Colaboração: Lucas Muniz (Pascom Paróquia Nossa Senhora Oliveira)
Fotos: Lucas Muniz e João Belo (Pascom Paróquia Nossa Senhora Oliveira)