EM UNIÃO COM TODOS OS QUE SOFREM E NA CELEBRAÇÃO DOS 20 ANOS DE EPISCOPADO
Em tempo que o mundo vive intensa paixão em razão da pandemia de Covid-19, em que há tantos doentes e enlutados pela páscoa de seus queridos, nesta semana, acompanhamos os passos de Jesus em sua Paixão. Se estivéssemos com nossas paraliturgias tradicionais, hoje teríamos, na maioria de nossas paróquias, a visitação de Maria, a Senhora das Dores, aos Passos da Paixão de seu Filho. Ela esteve ao lado de Jesus em todo o tempo e ficou de pé junto de sua cruz, quando nos foi dada por Ele como mãe. Diante de sua dor, permaneceu em silêncio, mas estava ali (cf. Jo 19, 26-27).
Também gostaríamos de estar ao lado de todos os que sofrem, com uma palavra de conforto. Mas tenham a certeza que o silêncio do seu pastor é o da oração confiante naquele que disse estar conosco todos os dias até o fim dos tempos (cf. Mt 28,20).
Acredito ser este também o desejo de todos os sacerdotes. Somos poucos e frágeis, e ainda mais fragilizados estamos com esta pandemia. Carregamos, como os apóstolos, nossas fragilidades, porém Deus escolheu os fracos para confundir os fortes e o que é ignorância aos olhos do mundo para confundir os sábios (cf. 1 Cor 27). Que o Pai, como a Jesus, seu Servo, nos dê língua adestrada para dizer palavras de conforto, ouvidos abertos e resiliência, diante das dificuldades e problemas (cf. Is 50,4-5). Deus é nosso Pai e Auxiliador e não nos deixará confundidos (cf. Is 50,9ª). Porque Jesus tomou sobre si as nossas dores e carregou em sua cruz os nossos pecados (cf. Is 53,4 1Pd 2,24)
Neste dia em que celebro os 20 anos de serviço episcopal, faço minhas as palavras de esperança do salmista, hoje aplicadas a Jesus sofredor diante da Paixão, e a nós, diante da dor do mundo que compartilhamos: “Cantando eu louvarei o vosso nome e agradecido exultarei de alegria! Humildes, vede isso e alegrai-vos: o vosso coração reviverá, se procurardes o Senhor continuamente! Pois nosso Deus atende à prece de seus pobres, e não despreza o clamor de seus cativos. ” (Sl 68,31-34)
Ao mesmo tempo, peço, mais uma vez, que rezem por mim e pelos sacerdotes e ministros, porque todos temos todos, dentro de nós, um pouco de Judas. Que não entreguemos o Senhor por trinta moedas ou alguns centavos, em razão de nossos pecados, que continuam a esbofeteá-lo em seu corpo místico que é a Igreja: Quando um membro sofre, é todo o corpo que sofre, nos recorda o Apóstolo Paulo (cf. 1 Cor 12,26-27).
O Papa Francisco em sua carta ao proclamar o Ano de São José nos recorda, que, também em nossas fraquezas, o Pai nos mostra seu amor: “A vontade de Deus, a sua história e o seu projeto passam também através da angústia de José. Assim ele ensina-nos que ter fé em Deus inclui também acreditar que Ele pode intervir inclusive através dos nossos medos, das nossas fragilidades, da nossa fraqueza. E ensina-nos que, no meio das tempestades da vida, não devemos ter medo de deixar a Deus o timão da nossa barca. Por vezes queremos controlar tudo, mas o olhar d’Ele vê sempre mais longe”.
Assim, agradeço a todos os que, neste dia e em todos os dias, rezam por mim e pelo meu ministério, do qual sou servidor sem mérito algum de minha parte, e que toleram meus defeitos e dificuldades com caridade fraterna. Também rezo por cada um e por suas famílias.
Rezemos todos pelo mundo inteiro, para que, passada esta pandemia, este tempo de trevas, possamos de novo celebrar, no abraço e na proximidade, as alegrias de um nova Páscoa.
Interceda por nós a sempre Virgem Maria, a Senhora das Dores, e seu esposo são José, os apóstolos e fieis discípulos do Senhor.
De novo, com o salmista, rezemos com todos os que sofrem e o mundo inteiro: “Respondei-me pelo vosso imenso amor, neste tempo favorável, Senhor Deus”.
+ Dom Miguel Angelo Freitas Ribeiro