Epifanias
A festa da Epifania ou manifestação de Deus para o mundo vem nos recordar o amor generoso de Deus para com a humanidade, manifestado em Jesus Cristo seu Filho divino, que se fez homem no seio da Virgem Maria.
O Evangelho da festa nos apresenta a cena da visita dos Magos do Oriente a Jesus, em sua casa em Belém, onde o encontraram com Maria, sua Mãe.
Em Jesus, Deus nos mostra seu rosto de amor misericordioso e fiel: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9), disse Jesus ao apóstolo Filipe. Seu nascimento foi anunciado aos judeus, representados pelos pastores, e aos pagãos, representados pelos Magos, isto é, sábios, homens de ciência daquele tempo. Para os judeus, o conhecimento de Cristo se dá pelo anúncio dos anjos que cantam a glória de Deus. Para os Magos, na forma de uma estrela muda, que os guia misteriosamente em direção ao Messias.
Mas, além desta epifania, celebramos ainda duas outras em cada início de ano. A do Batismo de Cristo, quando se manifesta sua identidade de Filho de Deus a São João Batista, marca-se o início de seu ministério de pregador, revela-se a Santíssima Trindade e torna-se claro o novo batismo na água e no Espírito Santo. A de Caná, quando Jesus manifesta-se aos apóstolos como o esposo da Nova Aliança que seria selada “não por meio de sangue de bodes e novilhos, mas pelo seu próprio sangue” (Hb 9,12), derramado por nós na cruz, ao transubstanciar a água em vinho.
Podemos falar de uma epifania de Deus em nós na graça do batismo, quando o Pai se dirige a cada um com as palavras relativas a Jesus, o Unigênito: “Você também é meu filho muito amado em que ponho a minha afeição! ”. Por ele, nos tornamos filhos adotivos do Pai e habitação da Santíssima Trindade.
Por Cristo e na fidelidade ao batismo que recebemos, precisamos, como os Magos do Oriente, a cada dia, escolher o seu caminho, deixando de lado o caminho de Herodes, que é o da ganância, do apego ao poder, do pecado e da morte. São Gregório Magno nos ensina: “Ao voltar, os Magos à sua terra, por outro caminho distinto do que os trouxe, nos manifestam uma coisa de suma importância. Pondo em obra a advertência que receberam em sonho, nos indicam que é o que nós devemos fazer. Nossa pátria é o paraíso, ao que não podemos chegar, tendo conhecido Jesus, pelo caminho de onde viemos. Temos nos separado de nossa pátria pela soberba, pela desobediência, seguindo o chamariz das coisas terrenas e saboreando o manjar proibido; é necessário que voltemos a ela, chorando, obedecendo, desprezando as coisas terrenas e refreando os apetites de nossa carne” (Sermão da Epifania).
Depois das muitas manifestações da graça de Deus em nosso favor, aguardamos sua plena manifestação no céu, onde esperamos, por sua misericórdia, alcançar a plena epifania da visão beatífica do Pai e do Filho e do Espírito Santo.