JESUS LIBERTADOR
Todos nós nos deparamos com o sofrimento, a dor e a morte. Todos desejam a eternidade e buscam de todos os meios prolongar a vida e a juventude ou abreviar o sofrimento. Buscamos saúde e paz, mas temos certeza de que “a morte é certa e a hora incerta”. A pandemia atual nos fez aindacrescer na consciência de nossa vulnerabilidade.
No Antigo Testamento se vê que Deus não deseja a morte. A morte entrou no mundo por inveja do demônio que levou o homem a pecar. “Deus não fez a morte, nem tem prazer com a destruição dos vivos. Deus criou o homem para a imortalidade e o fez à imagem de sua própria natureza; foi por inveja do diabo que a morte entrou no mundo, e experimentam-na os que a ele pertencem” (Sb 13,15;2,23).
Jesus dá uma resposta prática a esta importante questão. São Marcos relata dois milagres de cura realizados por Jesus, entrelaçados numa única narrativa. Através deles, Jesus se mostra vencedor da morte e da dor.
O chefe da sinagoga foi até Jesus, humildemente pedir a cura de sua filha que estava em estado terminal. “Quando viu Jesus, caiu a seus pés, e pediu com insistência: ‘Minha filhinha está nas últimas. Vem e põe as mãos sobre ela, para que ela sare e viva! ’ ” (Mc 5, 21-22) Jesus se dispôs a ir até sua casa e levou consigo três testemunhas: Pedro, Tiago e João. Mas foi interrompido no caminho por uma mulher que sofria de um fluxo de sangue e o tocou em meio à multidão. Ela sofria de uma hemorragia, que fizera com que gastasse todos os seus recursos com médicos e, em razão de sua hemorragia, não pode, durante doze anos, participar do Templo e das preces rituais judaicas: era uma impura. Mas ela tinha fé que Jesus era de tal modo santo, que não se tornaria impuro ao ser tocada por Ele, mas ela se purificaria. E Jesus lhe afirmou: “Filha a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença” (Mc 5, 35b).
Quando mensageiros vão até o chefe para dizer-lhe que não precisava mais incomodar o Mestre, porque a sua filha morrera, Jesus lhe disse: “Não tenhas medo. Basta ter fé! ” (Mc 5, 36b) Ao chegar à casa do chefe da sinagoga, Jesus encontrou choros e gritos. “Então, ele entrou e disse: ‘Por que essa confusão e esse choro? A criança não morreu, mas está dormindo’. Começaram então a caçoar dele. (…). Jesus pegou na mão da menina e disse: ‘Talitá cum” – que quer dizer: “Menina, levanta-te! ’ (Mc 5, 39-41) E mandou que dessem de comer à menina.
Jesus tem poder sobre a doença e a morte. A ressureição da filha do chefe da sinagoga, assim como a de Lázaro ou do filho da viúva de Naim são sinais de que Ele tem o poder da ressurreição. Ele venceu a morte e seu autor, o diabo. Para quem está com Cristo a vida não morre. Ele é a ressurreição e a vida, por isso, a morte não tem a palavra final. A palavra final será sempre a de Deus.
O autor do Apocalipse assim diz: “Felizes os mortos que morrem no Senhor, desde agora diz o Espírito, repousam de suas fadigas porque suas obras o seguem” (Ap 14,13). “A vida eterna é o amor de Deus que deve crescer em nós. Mas se não o deixamos crescer, nossa vida será perdida para sempre” (Konnings, 1987). Assim como Cristo, o Verbo Eterno,“de rico se fez pobre para nos enriquecer com sua pobreza” (2 Cor 8,), não podemos ficar indiferentes ao sofrimento dos irmãos. Necessitamos partilhar com eles nossos bens espiritais e materiais, de modo que todos tenham o necessário para viver om dignidade. São as nossas boas obras brotadas da fé que nos preparam para a vida eterna.
Experimentamos a imortalidade perdida pelo pecado na graça dos sacramentos: do Batismo que nos faz filhos de Deus; da Crisma, dom do Espirito Santo para o testemunho de Cristo; da Eucaristia, que nos alimenta em nosso caminho; da Confissão que nos restaura em nossa união com Deus; da Ordem e do Matrimônio, sacramentos de serviço para a construção do Reino e, particularmente da Unção dos Enfermos. Por este sacramento, a graça de Deus pode se manifestar na cura dos males físicos, mas, de modo especial no crescimento da graça, preparando-nos para o céu, para a plena comunhão com o Senhor, no dia de nosso encontro com Ele na morte, em nosso juízo particular, e na ressurreição no último dia. Que Nossa Senhora e São José nos acompanhem no caminho da fidelidade ao Senhor!