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MISERICÓRDIA, RECONCILIAÇÃO E PAZ

O Domingo da Misericórdia nos remete à própria identidade de Deus Amor, Misericórdia e Paz. Esta a razão pela qual nos deu seu próprio Filho para que, gerados pela água e pelo Espírito Santo, nasçamos dele e para Ele vivamos.

Em sua primeira carta, São João nos recorda que o Verbo Eterno de Deus, que se fez homem em Jesus: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo nasceu de Deus e quem ama aquele que gerou alguém, ama também o que dele nasceu’ (1Jo 5,1). Estas palavras não se referem somente a Jesus, mas a todos que nascemos da água e do Espírito Santo pelo Batismo e somos chamados a nos alimentar com o seu Corpo e Sangue na Eucaristia: “Ele é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo” (1Jo 5, 6). Nele estão nossa força e nossa vitória sobre o mundo do pecado: “A vitória que vence o mundo é a nossa fé” (1Jo 5, 4b).

Amar os que nasceram de Deus é partilhar com os irmãos não só os bens espirituais, mas também os bens materiais. Os primeiros cristãos compreenderam muito cedo que, como filhos da Misericórdia, exigia-se deles também a misericórdia para com os necessitados. “Ninguém considerava como próprias as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum” (At 4,32b).

No dia da ressureição de Jesus, “ao anoitecer do primeiro dia da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou, e pondo-se no meio deles disse: ‘A paz esteja convosco’ ” (Jo 20, 21).

E, mostrando-lhe suas chagas pelas qual fomos salvos (cf. 1 Pd 2,24), Jesus os enviou ao mundo e concedeu-lhes o dom do Espírito Santo, ao soprar sobre eles, como Deus soprou sobre Adão no dia da criação do homem. Ele, por Sua Morte, Ressurreição e pelo dom do Espírito Santo, inaugurou uma nova criação. Imediatamente instituiu o Sacramento da Reconciliação, do perdão e da paz, pelo qual se derrama sobre nós, pecadores, a Divina Misericórdia e nos reconcilia com Deus e com a Igreja, corpo místico de Cristo. Porque todo pecado ofende a santidade da Igreja da qual somos membros. E acrescentou: “ A quem perdoardes os pecados, eles lhe serão perdoados: a quem não perdoardes; eles lhes serão retidos” (Jo 20,23). Ao poder de perdoar, o Senhor deu aos apóstolos e seus sucessores, o poder de reter, isto é, impor penitência ou adiar uma absolvição aos que se confessam sem demonstrar arrependimento e bom propósito de emenda de vida.

Afastado da comunidade, talvez decepcionado com a morte de Jesus, como tantos outros que aguardavam um messias político, naquele dia Tomé não estava lá e se recusou a acreditar que o Senhor estivesse vivo. Também não compreendia a ressurreição. Desejava uma prova empírica, racional e lançou um desafio a Jesus: “Se eu não tocar as marcas dos pregos em suas mãos, se seu não puser o dedo na chaga do seu lado, não acreditarei” (Jo, 20,25c).

O Senhor acolheu o seu desafio, quando ele voltou à comunidade. A Igreja é o lugar dos que creem, mas também dos que têm a fé vacilante. E, no domingo seguinte – a comunidade já se reunia no Domingo, o dia do Senhor –, Tomé já se reuniu aos Onze. Jesus apareceu-lhes do mesmo modo e com a mesma saudação de paz. E disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende e a tua mãos e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel! ” (Jo 20,27). E Tomé fez a sua profissão e fé, a mais alta profissão de fé, que é também a nossa a respeito de Jesus: “Meu Senhor e meu Deus! ” (Jo 20,28). Bendita racionalidade de Tomé que nos valeu tal testemunho e a resposta de Jesus que proclamou a bem-aventurança, a bênção de todos os que creem, na qual também nos colocamos: “Acreditaste porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem nunca terem visto! ” (Jo 20, 29). A misericórdia de Cristo também vai em busca dos que não creem, até que haja um só rebanho e um só pastor! (cf. Jo 10,16)

Em tempos de pandemia, em que muitos perguntam onde está Jesus, Ele nos mostra suas Chagas. Não só as Chagas Gloriosas da ressurreição, como as chagas em seu corpo místico, na carne de tantos pobres, doentes e sofredores. Que possamos contemplá-las gloriosas em Cristo e buscar curá-las, dolorosas, em nossos irmãos, mesmo porque, cada um de nós traz também as chagas do pecado e necessitamos de misericórdia.

Busquemos, pois, recordar as obras de misericórdia para bem praticá-las: Obras de misericórdia corporais: dar de comer a que tem fome; dar de beber a quem tem sede; abrigar os que não têm teto; vestir os nus; visitar os enfermos; visitar os presos e sepultar os mortos. Espirituais: ensinar os ignorantes; dar bom conselho, corrigir os que erram, perdoar as injúrias; consolar os tristes; sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo e rezar a Deus por vivos e defuntos (CIC 2447).

Por tudo isso, elevemos ao Pai a nossa oração: Pelas chagas gloriosas de Jesus Cristo, vosso Filho, curai as feridas deste mundo! E que a Virgem Maria, Mãe de Misericórdia e São José, intercedam por nós.

+ Dom Miguel Angelo Freitas Ribeiro

2 comentários sobre “MISERICÓRDIA, RECONCILIAÇÃO E PAZ

  • Maria do Carmo de Morais Lima

    A palavra de nosso amado pastor Dom Miguel é realmente uma ponte que nos leva ao Santíssimo Coração de Jesus! Em tempos tão sofridos, estamos precisando revigorar nossa fé e esperança.

  • Dom Miguel. Este evangelho de jesus ressuscitado junto aos apóstolos e depois junto a Tome e um dia evangelhos que mais gosto. O senhor escreveu muito bem.Que neste dia da misericórdia possamos rezar com mais fervor e fazer com compaixão as obras de caridade com carinho Monica e sua benção

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