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NO SILÊNCIO DO SÁBADO SANTO

Hoje, a Igreja inteira se recolhe, no silêncio do sepulcro, e contempla as Dores de Nossa Senhora junto ao túmulo de Jesus. Jesus já estava morto. Ao pé da cruz, Nossa Senhora, as mulheres e São Longuinho, o centurião que se convertera e, diante da morte de Jesus, fizera sua profissão de fé. “Verdadeiramente este era o Filho de Deus!” (Mc15,39b)

São João nos relata que os judeus desejavam que os corpos ficassem na cruz, para que a visão da violência não lhes prejudicassem as festas da Páscoa porque, embora fora dos muros, de dentro da cidade se via o triste espetáculo. Desejavam esconder a violência e a morte.

José de Arimatéia, que era discípulo às escondidas, pediu a Pilatos que lhe desse o corpo de Jesus (cf. 19,38) e Nicodemos que procurara Jesus de noite (cf. Jo 3, 1-3), depois de autorizados por Pilatos, desceram o corpo de Jesus. Então os soldados quebraram as pernas dos dois crucificados que estavam com Ele, para que sua morte fosse apressada. Como Jesus já estava morto, o centurião abriu-lhe o lado com um lança. Do Coração transpassado jorraram Sangue e Água. São João viu nestas duas fontes a revelação do grande mistério da Igreja. Por isto disse: “Aquele que viu dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro e ele sabe que diz a verdade, para que também acrediteis (Jo 19,35). Sangue e água simbolizam os dois sacramentos que fazem a Igreja: a água do Batismo que nos lava, e o Corpo e Sangue do Senhor, a nós dado na Eucaristia que nos alimenta.

Depois disso, José de Arimatéia e Nicodemos O sepultaram com aromas: 30 quilos de mirar e aloés, envolvendo-o num lençol de linho, como os judeus costumavam sepultar. Tudo feito às pressas, porque era sábado de festa solene, e devia tudo acontecer antes do por do sol. Assim colocaram-no num sepulcro novo, no meio de um jardim. Como a vida começa no jardim do Éden, o paraíso ou ‘jardim das delícias’, a vida nova em Cristo tem seu inicio no Jardim da Ressurreição.

Contemplemos o mistério deste Sábado Santo. No Credo, nós professamos que “Jesus desceu à mansão dos mortos”. Isto significa não só que morreu verdadeiramente mas, como nos ensinam o Padres da Igreja, que desceu ao sheol, o lugar dos mortos, para despertar Adão e todos os justos, apagada que foi a sua culpa, pelo Sangue derramado na cruz. Jesus salva desde o primeiro Adão ao último dos mortais, a toda a humanidade que aguarda a plenitude da vida.

No silêncio desde Sábado Santo, somos chamados a fazer companhia a Nossa Senhora, a Virgem da Soledade, a Mãe das Dores, a única a esperar a vitória de Cristo A compartilhar a dor dos discípulos e da mulheres que sentiam sua perda e de suas esperanças. Este Sábado é, portanto, de vigília na espera da Páscoa, da Luz de Cristo, que brilha na escuridão deste mundo e nos faz esperar também o dia de nossa glorificação nele. Então, reencontraremos no Céu todos aqueles a quem amamos e, queira Deus, aos que não amamos bastante.

A dor deste tempo difícil que vivemos e o luto da humanidade sofredora não extingam a esperança que brota da certeza da fé. O sepulcro está vazio. Cristo ressuscitou verdadeiramente e nós ressuscitaremos com Ele.

Feliz e Santa Páscoa, na Ressurreição do Senhor!

+ Dom Miguel Angelo Freitas Ribeiro

Um comentário sobre “NO SILÊNCIO DO SÁBADO SANTO

  • Belíssima mensagem, Dom Miguel! Muito obrigada pelas palavras de esperança . Como Bom Pastor , sempre nos lembra os fundamentos da nossa fé! E , como Pastor Bom , sempre nos dirige palavras de carinho e amor ! Obrigada! Deus lhe pague! Deus lhe abençoe! 🙏

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