NOTA DA DIOCESE DE OLIVEIRA SOBRE O MOMENTO ATUAL

Nos últimos dias, com a proximidade das eleições, temos visto crescer a agressividade, a violência e o desrespeito ao Papa Francisco, à CNBB, às instituições, às pessoas e até ao espaço sagrado, com grande desserviço à nossa imatura democracia.

As diferentes opiniões políticas, base das democracias, devem ser motivo para um diálogo construtivo e não para agressões verbais ou físicas.

Os fiéis em Cristo têm plena liberdade de opinião nos assuntos seculares, devendo todos manter o respeito às hierarquias e aos irmãos. Quando isso vem a faltar, até as maiores amizades se deterioram, como ensina Santa Teresa de Jesus, e a inimizade e indiferença se instalam no interior das próprias famílias. Sobre isso diz o Papa Francisco: “Todo o tipo de intolerância fundamentalista danifica as relações entre pessoas, grupos e povos. Comprometamo-nos a viver e ensinar o valor do respeito, o amor capaz de aceitar as várias diferenças, a prioridade da dignidade humana” (Papa Francisco, Twitter de 16 de novembro de 2020).

A facilidade de acesso à comunicação pelas novas mídias trouxe a todos a possibilidade de externarem suas opiniões, mas, ao mesmo tempo, ampliou a murmuração, a fofoca e as agressões mútuas, muitas vezes escondidas sobre o anonimato dos falsos perfis (máscaras) e das notícias falsas (fake news), manipuladas irresponsavelmente através das novas tecnologias. “Verdade e Uberdade ou se conjugam juntas ou miseramente juntas desaparecem”, escreveu João Paulo II (São João Paulo II, Carta Ene. Fides et ratio, n. 90, AAS 91 (1999) 5-88).

A fraternidade pregada por Jesus se traduz claramente nas palavras do Senhor: “Que todos sejam um como eu e o Pai somos um ” (cf. Jo 17,21).

Lamentamos profundamente o que tem acontecido nos últimos dias, desde a novena de Nossa Senhora Aparecida, em que diversos sacerdotes e leigos foram agredidos verbalmente nas igrejas e pelas redes sociais por militantes partidários. “A fé nunca pretendeu manietar (prender) num esquema rígido os conteúdos sociopolíticos, bem sabendo que a dimensão histórica, em que o homem vive, impõe que se admita a existência de situações não perfeitas e, em muitos casos, em rápida mudança. Neste âmbito, há que recusar as posições políticas e os comportamentos que se inspiram numa visão utópica que, ao transformar a tradição da fé bíblica numa espécie de  profetismo sem Deus, instrumentaliza a mensagem religiosa, orientando a consciência para uma esperança unicamente terrena que anula ou redimensiona a tensão cristã para a vida eterna” (Congregação para a Doutrina da Fé: Nota doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política, 24 de Novembro de 2002).

Manifestamos nossa solidariedade e a certeza de nossas preces aos sacerdotes e leigos que, agredidos pessoalmente ou pêlos meios de comunicação, que, usados irresponsavelmente, transformam em inimigos aqueles que têm opinião diversa da sua e dividem o nosso País. Agradecemos também a todos os sacerdotes, diáconos e leigos que trabalham incansavelmente pelo Reino.

Pedimos, em nome de Deus, que cada um busque resolver as dificuldades no respeito e amor fraterno e não acreditem em qualquer palavra ou postagem que visem manipular as consciências ou agredir os irmãos. Nossa única regra de vida é o Evangelho de Jesus Cristo e a Tradição da Igreja interpretada pelo Magistério, e prestaremos contas ao Justo Juiz, sobre como soubemos viver a misericórdia para com os mais pobres e desvalidos (cf. Mt 25, 32ss).

O Senhor ainda proclamou no Evangelho: “Bem-aventurados os mansos porque possuirão a terra e bem-aventurados os pacíficos porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5, 5.9). Precisamos, em tempo de tribulações, levantar sempre a bandeira da paz.

Intensifiquemos nossas orações pela nossa Pátria e nos exercitemos na prudência, dom e fruto do Espírito Santo e virtude a ser cultivada e, hoje, ainda mais que necessária.

Que Nossa Senhora da Conceição Aparecida interceda a seu Divino Filho, para que saibamos ser construtores da paz, que se funda na justiça e na caridade.

Oliveira, 24 de outubro de 2022.