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O BOM PASTOR DÁ A VIDA PELAS OVELHAS

O Domingo do Bom Pastor é também o Dia de Oração pelas Vocações, de intensificar nossas preces pelas vocações sacerdotais em toda a Igreja.

A vocação pastoral na Igreja se vincula especialmente ao sacramento da Ordem, em que os ministros ordenados são chamados a ser ícones de Jesus, o único e Bom Pastor. Nós seremos bons pastores na medida de nossa união com Ele, que deve se estreitar sempre mais pela escuta de sua Palavra, pela oração e pela caridade para com as ovelhas. Ser pastor é ser cuidadoso com o rebanho. Por elas devemos dar a vida, pois “o Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10,11b). O Papa Francisco recorda sempre, desde o início de seu pontificado, que “o pastor precisa ter o cheiro das ovelhas”, expressão para significar a proximidade e a intimidade a que Jesus se refere: “Eu conheço as minhas ovelhas e elas Me conhecem. Assim como o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas ” (Jo 10, 14b-15). Como Ele conhece o Pai, Ele conhece as ovelhas e as ama. Mais que conhecer, no sentido habitual da palavra para nós, Jesus deseja que estejamos em união com o Pai, assim como Ele conhece o Pai, por Ele é conhecido e está nele e com Ele.

Falando da Igreja, Jesus diz ter ainda outras ovelhas que não eram daquele redil ou curral. Ele deveria trazê-las e também apascentá-las. Como Jesus pregava este sermão no pátio do Templo de Jerusalém, onde se revelou ao cego que havia curado como o Messias, referia-se certamente aos samaritanos, considerados meio-judeus e aos pagãos, que haveria de congregar num único rebanho.

Hoje também, muitos ainda estão longe da Igreja, porque não receberam o anúncio da salvação, dela se afastaram ou se separaram. Ainda pertencem de algum modo à Igreja pelo Batismo ou pela busca de Deus. O desejo de Cristo em sua oração sacerdotal é que todos sejamos um como ele rezou naquele dia de sua despedida: “Que todos sejam um, como Tu, Pai estás em Mim e Eu em Ti, que eles estejam em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste” (Jo17,23).

Como o Templo de Jerusalém era o sinal da unidade para o povo de Deus e a sua morada, assim deve ser a Igreja para o mundo. No tempo de Jesus, muitos nem frequentavam o Templo de Jerusalém, mas pertenciam igualmente a Deus. Jesus os atrai ao novo Templo que é seu corpo ressuscitado e à Igreja, seu corpo místico.

Jesus entregou sua vida por todos, também pelos pagãos, trazidos ao povo de Deus na Nova e Eterna Aliança. Ele é o Salvador de todo o mundo. “Haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo10,16c). A Igreja é una, santa católica e apostólica, portanto é única. A multiplicação de denominações e as divisões na Igreja são fruto do pecado e não desejo de Deus.

Jesus é diferente do mercenário, um pastor pago para cuidar do rebanho que, por este motivo, ao vir o lobo, abandona as ovelhas no deserto e foge. Ele é o Bom Pastor porque Ele é o Messias. A Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus será o sinal para a conversão de todos os povos, parte do plano de Deus e sua escolha livre e consciente. O Verbo escolheu se fazer homem no seio virginal de Maria e entregar sua vida na cruz com inteira liberdade. Esse amor incondicional é o do Bom Pastor, que deu sua vida livremente. “Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho poder de entregá-la e tenho poder de recebê-la novamente; esta é a ordem que recebi do meu Pai” (1 Jo 10,18). Ele entrega sua vida com soberania divina, porque é Deus que se fez homem. Por este motivo pode dá-la na cruz e ressuscitar por seu próprio poder ao terceiro dia.

São Pedro, alguns dias após o Pentecostes, também pregava no Templo, na presença dos sacerdotes. Cheio de coragem, recordava-lhes o Salmo 117(118). “Jesus é a pedra, que vós, os construtores, desprezastes, e que se tornou a pedra angular. Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (At 4,11-12). Nele nos tornamos filhos de Deus. “Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é” (1Jo 2,2c).

A Igreja continua a anunciar e viver pelo “Nome de Jesus Cristo de Nazaré”, o Crucificado e Ressuscitado (cf. At 4,10).Somente em Cristo podemos ser salvos. Toda a salvação passa por Cristo, portanto, pela Igreja de Cristo que é seu corpo. Por isso, “fora da Igreja não há salvação! ” Há um só caminho, verdade e vida, que é Jesus. Ninguém vai ao Pai senão por Ele, único e exclusivo caminho (cf. Jo 14, 6).Só Ele é o Bom Pastor, o único pastor. Ou somos pastores nele, com Ele e do seu modo ou mercenários do rebanho, que só se aproveitam das ovelhas (cf. Ez 34). Por este motivo, “pastoral não é mera chefia e organização. É a condução no amor daqueles que viram nele reluzir a vida e a salvação, os que escutam a sua voz. Pastoral é evangelização continuada, é fidelidade à boa nova proclamada” (Konings, 1987).

Pastores são, pois, em primeiro lugar os bispos, padres e diáconos, e outros que detêm a autoridade eclesiástica. Mas, todo batizado é em Cristo, sacerdote, profeta e pastor (cf. 1Pd 2,4-9). Todos os batizados têm igual corresponsabilidade no anúncio do Evangelho, em vista da salvação de todos os homens, a começar pelos pais e mães, chamados a educar os filhos na fé e os educadores nas escolas, chamados a ser testemunhas credíveis, anunciando sem temor o Nome de Jesus, apesar do laicismo reinante.

Olhemos para o nosso Pastor, que é Cristo. […] Ele alegra-Se com as ovelhas que tem perto de Si e vai à procura das que se perderam. Não lhe fazem medo as montanhas nem as florestas; percorre as ravinas para chegar até à ovelha perdida. Mesmo que a encontre ferida, não Se enfurece, mas, tocado pela compaixão, põe-na aos ombros e cura a ovelha fatigada com a sua própria fadiga (cf Lc 15,4s). […] São Basílio de Selêucia, bispo (c. 468), Oratio 26).

Rezemos com o Papa Francisco neste ano de São José, pedindo sua valiosa intercessão com a de sua Esposa e Mãe de Deus e nossa. Enviai, Senhor, operários para a vossa messe, pois a messe é grande e poucos são os operários. Rezemos pelos nossos pastores e por todos os que se empenham no anúncio do Evangelho ou dele se afastaram. Rezemos pela unidade da Igreja e do mundo, hoje, marcado por tantas polarizações ideológicas.

+ Dom Miguel Angelo Freitas Ribeiro

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