O dom da reconciliação
Se a Quaresma nos convida, de modo especial, à reconciliação com Deus e com os irmãos, o dom da reconciliação é oferta contínua de Deus a todos nós, em todos os momentos de nossa vida de pecadores.
Em nosso dia a dia, incorremos em muitas faltas, mais ou menos voluntárias, mais ou menos conscientes, fruto de nossa fraqueza, o que fez o Apóstolo Paulo exclamar: “Não faço o bem que quero e sim, o mal que não quero!” (Rm 7,15). Para as pequenas faltas, temos o remédio das boas obras, da oração piedosa, da participação eucarística e das penitências voluntárias, especialmente a de aceitar com paciência as contrariedades da vida, oferecendo-as a Deus.
Mas, podemos, infelizmente, também pecar com plena consciência do erro e advertência; podemos escolher o mal e cair em pecados graves. A estes, devemos confessá-los individualmente ao sacerdote a quem o Senhor Jesus concedeu o poder de ligar e desligar: “Se perdoardes os pecados dos homens, serão perdoados” (Jo 20,23). Na confissão, nos deixamos abraçar pela misericórdia de Deus, Amor que nos restaura e nos liberta do vínculo com o mal e da escravidão ao demônio. Por isto, o sacramento da reconciliação é dom de alegria e paz que nos é oferecido sempre que dele necessitarmos.
A confissão dos pecados nos coloca diante da verdade sobre nós mesmos, à luz da verdade de Deus que ilumina nossos cantos escuros e nos traz de volta ao seu Coração Misericordioso, à sua amizade rompida de nossa parte e por nossa culpa.
Pode ser que a vergonha de nossas faltas possa nos inibir e, por isso, adiarmos a confissão de nossos pecados. Certamente este é apenas mais um ardil do inimigo que nos deseja longe de Deus. Cabe-nos, pois, pedir insistentemente ao Espírito Santo que nos abra o coração e nos dê arrependimento verdadeiro e coragem de confissão. Assim, experimentaremos a alegria do salmista que diz: “Eu afinal confessei meu pecado e perdoastes, Senhor, minha culpa” (Sl 32,5).
Não há pecado sem perdão, se há arrependimento verdadeiro e desejo de conversão.