PROFETAS DO REINO DE DEUS
O profeta é alguém que fala com a autoridade de Deus, porque o mesmo Deus Se deu a conhecer. Assim foi com Moisés, que conduziu o povo pelo deserto e tornou-se líder na libertação do cativeiro do Egito. Quando o povo, amedrontado diante do poder divino, diz que não queria mais ouvir Sua voz por medo de morrer, Deus prometeu-lhe que haveria de suscitar do meio do povo um profeta como Moisés, que também falasse com a autoridade do Libertador. E esta foi a exclamação do povo ao ver Jesus, na sinagoga de Cafarnaum, depois de libertar um possesso, expulsando-lhe um demônio: “Um ensinamento novo dado com autoridade. Ele manda até nos espíritos maus e eles obedecem! ” (Mc 4, 27b)
Naquele dia, o demônio reconheceu Quem era Jesus: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu seu quem Tu és, o Santo de Deus! ” (MC 1,24) Reconheceu nele não só o poder divino, mas o verdadeiro Sumo Sacerdote da Aliança Nova, pois ‘Santo de Deus’ era chamado o Sumo-sacerdote, desde Aarão, por se aproximar do Santo dos Santos.
A autoridade de Jesus vem de Sua origem divina. O diabo, o sedutor e seus demônios, se submete a Ele e foi vencido pelo sangue do Seu sacrifício derramado na cruz.
No Evangelho segundo São Marcos, este foi o primeiro dos milagres de Jesus, o exorcismo de um homem tomado por um espírito imundo. A obsessão ou possessão demoníaca simboliza o mal que toma conta da pessoa, mesmo contra a sua vontade.
Libertando aquele homem, Jesus anuncia que o Reino de Deus já chegou entre nós. A Palavra de Deus anunciada é confirmada por sinais e milagres, e assim o será em todo o tempo. Mas, não podemos ir em busca de sinais, por isso, muitas vezes Jesus ordenou aos curados que não propagassem os prodígios que operava. Maior sinal é a própria Palavra de Deus que, anunciada, se torna motor de libertação integral do homem e de todos os homens (cf. Puebla 1134) porque desperta a conversão, a mudança de coração, sem a qual este mundo não terá conserto.
A segunda leitura deste domingo (1 Cor 7, 32-35) apresenta um tema sempre discutido. São Paulo nos fala da excelência do celibato e da vida virginal para cuidar das coisas do Senhor, ao possibilitar um coração que não seja dividido. Não apresenta uma novidade, mas o que o próprio Jesus nos ensinou, ao falar do celibato e da vida virginal, que Ele também escolheu para Si, como sinal do Reino que há de vir “Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos Céus. Quem puder compreender, compreenda” (Mt 19,12).
Quando se esfria a consciência da fé, de que não somos para este mundo e que “a figura deste mundo passa” (1 Cor 7,31b), fica difícil também compreender o significado da vida consagrada. Mas, no Reino futuro, não haverá matrimônio. Este pertence à realidade do tempo: “Na ressurreição, os homens não terão mulheres nem as mulheres, maridos; mas serão como os anjos de Deus no céu” (Mt 22,30).
Mesmo contestado e, às vezes, por fraqueza, abandonado pelos que, no entusiasmo de sua juventude se consagraram a Deus, o celibato dos sacerdotes e a virgindade consagrada nunca deixarão de ser um sinal permanente da presença do Reino de Deus na história.
Rezemos, pois, pela nossa juventude, por aqueles a quem Deus chama à especial consagração. Em nosso tempo, onde os prazeres são colocados em primeiro lugar, também o prazer carnal do sexo transformado em mercadoria, para que tenham a coragem do sim generoso a Deus.
De todo modo, em razão do pecado, o Apóstolo São Paulo, nos diz que, sendo casados ou permanecendo solteiros, a vida cristã é combate. “Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do diabo. Pois o nosso combate não é contra o sangue nem contra a carne, mas contra os Principados, contra as Autoridades, contra os Dominadores deste mundo de trevas, contra os Espíritos do Mal que povoam as regiões celestiais” (Ef 6,11-12).
Na certeza de que não estamos sozinhos na batalha porque o Espírito Santo habita em nós, peçamos nesta semana em que comemoramos a memória de São João Bosco, sua intercessão, a de Nossa Senhora Auxiliadora e São José para que, fiéis ao nosso Batismo, alcancemos a vida prometida. Amém.