SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS
O mês de novembro se inicia, na Liturgia da Igreja, com duas comemorações: a Solenidade de Todos os Santos e a Comemoração de todos os Féis Defuntos. As duas celebrações se ordenam a partir da nossa profissão de fé, o Credo apostólico: “Creio na santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecador e na vida eterna”. Artigos de fé que expressam a Igreja em sua realidade escatológica. Que significa pois, “creio na comunhão dos santos? ”
O Catecismo lembra que esta expressão quer dizer: comunhão nas coisas santas, isto é, nos sacramentos e entre as pessoas santas que, pelo Batismo, se tornaram membros do Corpo Místico de Cristo. Os Atos dos Apóstolos nos recordam que, na comunidade primitiva de Jerusalém, os discípulos “eram assíduos no ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações” (At 2,42).
Comunhão na fé: a fé dos fiéis é a fé da Igreja, recebida dos apóstolos, tesouro de vida que se enriquece ao ser compartilhada. Mais santos ficamos, se frequentarmos assiduamente e com piedade, os sacramentos da Igreja. Comunhão dos carismas e ministérios: “Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para utilidade de todos “ (1 Cor 12,7). Comunhão na caridade: “Nenhum de nós vive para si, e ninguém morre para si. Se vivemos, vivemos para o Senhor; se morremos, morremos para o Senhor. Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor. Para isso é que morreu Cristo e retomou a vida, para ser o Senhor tanto dos mortos como dos vivos” (Rm 14, 7-9). O menor ato de caridade resulta em benefício de todos. Comunhão entre nós que ainda peregrinamos nesta vida, com os santos do Céu e com aqueles que aguardam a plena visão de Deus nas penas do Purgatório.
Os primitivos cristãos “viviam unidos e tinham tudo em comum” (At 2,44). “Que os homens nos considerem, pois, como simples operários de Cristo e administradores dos mistérios de Deus” (1 Cor 4,1).
No calendário da Igreja, celebramos individualmente muitos santos que nos sãos conhecidos. No dia de hoje, comemoramos a multidão de todos aqueles que nos precederam a glória de Deus, da qual esperamos também um dia gozar.
O Evangelho deste domingo nos apresenta o caminho da santidade cristã, as bem-aventuranças. Proclamadas na liturgia, juntamente com o salmo 23, nos dão o caminho que devemos percorrer, se desejarmos participar da glória de Deus: “Quem subirá até o monte do Senhor, quem ficará em sua santa habitação? Quem tem mãos puras e inocente coração, quem não dirige sua mente para o crime” (Sl 23)
A leitura do Apocalipse nos apresenta na visão de São João, o triunfo final de Deus e de seu Cristo, cercados de uma multidão de santos do céu: 144 mil das tribos de Israel (12 tribos x 12 apóstolos x 1000, número que indica, na Bíblia, a plenitude de tudo), marcados com o sinal da Cruz, ou os judeus que creram em Cristo. Depois, “uma imensa multidão de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro, trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão” (Ap 7, 9. Eram os “os que vieram da grande tribulação. Lavaram suas vestes e alvejaram suas vestes no sangue do Cordeiro” (Ap 7, 14); a Igreja inteira, novo Israel de Deus, que abrange as nações de toda a terra.
Hoje, portanto, olhamos para o Céu, onde nos aguardam numerosos eleitos. Procuremos imitá-los em sua obediência à voz do Espírito Santo, autor de toda santidade, para caminhar segundo o espírito das bem-aventuranças. Então, quando Jesus se manifestar, “seremos semelhantes as Ele porque o veremos tal como Ele é” (1 Jo 3, 2b) em sua ressurreição gloriosa: “Cremos na ressureição da carne e na vida eterna. Amém.”
+ Dom Miguel Angelo Freitas Ribeiro